Hoje enfrentei meu primeiro grande desafio no esporte...
Depois de quase 1 mês sem voar fomos eu e meu instrutor para o Vale do Paranã. Até quarta éramos 3 pilotos mais o instrutor, só que não tínhamos o resgate.
Como não conseguimos um resgate e um dos alunos não queria participar de um sorteio pra ver quem ficaria sem voar e seria o resgate, tivemos que abortar o voo de quinta...No meio da manhã de quinta meu instrutor me ligou pra saber se ainda gostaria de voar já que seu pai faria o resgate. É claro que topei na hora...
Chegamos lá e a condição estava bem fraca. Aguardamos até o vento ficar um pouco mais estável e decolamos por volta das 14hs. Não consegui me sustentar no lift e comecei a perder altitude. Na vontade de continuar em voo, fiz a volta e encostei no paredão pra ver se conseguia sustentação. Pra piorar, peguei uma descendente de 3m/s e tive que tomar a atitude de pousar por ali mesmo... O pouso foi tranquilo, só que agora eu estava a quase 6 km da estrada mais próxima tendo uma mata fechada pra atravessar...
Até aí, tudo bem...Dobrei o equipamento e comecei a caminhada. Por sugestão do instrutor, peguei uma trilha à esquerda ainda na parte tranquila do cerrado e depois comecei a descer a serra seguindo à direita...Fui descendo até encontrar uma vala que, apesar de pequena, não teria condições de pular sobre ela devido ao grande declive. Fui deslizando até entrar na vala mas não conseguia mais sair...Gastei um tempão e todas as minhas energias para conseguir sair de lá. Quando consegui subir toda a inclinação eu estava tão esgotado que comecei a perder a consciência. Tentei respirar com calma e me concentrar pra não desmaiar naquele local. Aproveitei pra tomar um pouco de água e comer alguma coisa. Percebi também que tinha torcido o tornozelo na queda. O grande problema aqui era o peso do equipamento, mais de 20 kg, que prejudicava consideravelmente a locomoção.
Passado o primeiro susto, continuei a caminhada, descendo e sempre à direita, até chegar num paredão de aproximadamente 30 metros de queda. Percebi que dali não conseguiria fazer mais nada...Liguei para o resgate dos bombeiros, que iriam acionar o helicóptero. Conversando com meu instrutor pelo rádio, ele pediu para dispensar o resgate por enquanto, pois ele tentaria chegar até o local onde eu estava e, caso não conseguisse, aí sim confirmaríamos a solicitação do resgate pelos bombeiros. Isso já era 15:30hs. Um pouco mais de meia hora depois, conversando com meu instrutor pelo rádio, consegui localizá-lo na mata a aproximadamente 2 km de onde eu estava e sinalizando sobre minha localização ele percebeu que não conseguiria chegar até mim. Ligamos novamente para os bombeiros e o helicóptero foi acionado. Pra piorar, acabaram a água e a comida...
Quando já eram 17:10hs recebemos a informação que o helicóptero foi acionado para resgatar uma vítima de um grave acidente na rodovia e que, até levar a vítima ao hospital e voltar, já seria começo de noite e eles não poderiam fazer o meu resgate. Recebi instruções para encontrar um local fora da mata fechada para passar a noite...
Como já estava a quase 2 horas descansando e o tornozelo já estava doendo menos, busquei as últimas forças para subir o morro novamente e tentar contornar o vale. Fui andando sempre à direita, buscando sempre andar em direção da estrada de terra mais próxima que meu GPS indicava. A cada parte do vale que encontrava, eu subia novamente e tentava contornar sempre à direita... Nisso o sol já estava indo embora e a visibilidade dentro da mata fechada já estava quase zero.
Depois de quase 1 hora de caminhada, encontrei o leito de um antigo rio e, após atravessá-lo, percebi uma antiga estrada, já dominada pelo mato, que certamente era utilizada por veículos para chegar até o rio...Comecei a andar por ela, na certeza que chegaria em alguma estrada de terra ainda utilizável. A luz da lua auxiliava na pouca visibilidade que tinha. Um grande problema que enfrentei foi passar por várias cercas de arame farpado... A dificuldade de jogar o equipamento por cima das cercas era tão grande que por várias vezes pensei em deixar o equipamento na mata... O que me ajudou muito foi a motivação que meu instrutor me passava pelo rádio...
Apesar de não aparecer no GPS, consegui encontrar uma estrada de terra que sairia, de acordo com o GPS, na estrada de terra roteável... Passei a informação para meu instrutor do ponto onde as estradas poderiam se cruzar e depois de andar mais 800 metros consegui enxergar os faróis da caminhonete...
Às 19:20hs fui resgatado muito desidratado e com muita dor nas pernas e tornozelo...
Agradeço ao meu instrutor pela paciência de me aguardar e pela motivação que me ajudou a prosseguir caminhando. Aos bombeiros de Formosa pela preocupação, inclusive em me ligar à noite pra saber se tinha conseguido ser resgatado. Ao Peixe, piloto de Brasília, por ter sido a ponte entre nós e os bombeiros do DF para tentar agilizar o helicóptero. À Deus, por ter me dado forças para sair dessa situação inusitada e que, se possível, não volte a acontecer...
Espero que esta situação me sirva para determinar os limites de planeio da minha vela e a responsabilidade de analisar as áreas de pouso e possíveis consequências de um pouso em local desconhecido. Vale ressaltar a importância de se utilizar os equipamentos essenciais, GPS e Rádio. Se não fosse por eles, talvez seria impossível sair daquele local em apenas um dia. Também a importância de mantê-los sempre com a carga máxima das baterias...Percebi também a necessidade de carregar uma lanterna e uma faca, equipamentos que poderiam ter me ajudado a sair daquela situação com mais rapidez...
Acho que é isso...Já tomei um anti-inflamatório e apliquei um gelol aerosol na panturrilha e no tornozelo, na esperança de estar sem muitas dores amanhã, já que estou confirmado no bonde de voo...rs
PS.: Gostaria de deixar registrado meu agradecimento aos amigos pilotos que estavam na rampa no fim da tarde para tentar um voo noturno sob a luz do luar, que enumeraram todos os animais que poderiam me atacar e os perigos de se passar a noite na mata. Isso foi fundamental para minha decisão de sair dali para conseguir dormir em casa...rsrs
Depois de quase 1 mês sem voar fomos eu e meu instrutor para o Vale do Paranã. Até quarta éramos 3 pilotos mais o instrutor, só que não tínhamos o resgate.
Como não conseguimos um resgate e um dos alunos não queria participar de um sorteio pra ver quem ficaria sem voar e seria o resgate, tivemos que abortar o voo de quinta...No meio da manhã de quinta meu instrutor me ligou pra saber se ainda gostaria de voar já que seu pai faria o resgate. É claro que topei na hora...
Chegamos lá e a condição estava bem fraca. Aguardamos até o vento ficar um pouco mais estável e decolamos por volta das 14hs. Não consegui me sustentar no lift e comecei a perder altitude. Na vontade de continuar em voo, fiz a volta e encostei no paredão pra ver se conseguia sustentação. Pra piorar, peguei uma descendente de 3m/s e tive que tomar a atitude de pousar por ali mesmo... O pouso foi tranquilo, só que agora eu estava a quase 6 km da estrada mais próxima tendo uma mata fechada pra atravessar...
Até aí, tudo bem...Dobrei o equipamento e comecei a caminhada. Por sugestão do instrutor, peguei uma trilha à esquerda ainda na parte tranquila do cerrado e depois comecei a descer a serra seguindo à direita...Fui descendo até encontrar uma vala que, apesar de pequena, não teria condições de pular sobre ela devido ao grande declive. Fui deslizando até entrar na vala mas não conseguia mais sair...Gastei um tempão e todas as minhas energias para conseguir sair de lá. Quando consegui subir toda a inclinação eu estava tão esgotado que comecei a perder a consciência. Tentei respirar com calma e me concentrar pra não desmaiar naquele local. Aproveitei pra tomar um pouco de água e comer alguma coisa. Percebi também que tinha torcido o tornozelo na queda. O grande problema aqui era o peso do equipamento, mais de 20 kg, que prejudicava consideravelmente a locomoção.
Passado o primeiro susto, continuei a caminhada, descendo e sempre à direita, até chegar num paredão de aproximadamente 30 metros de queda. Percebi que dali não conseguiria fazer mais nada...Liguei para o resgate dos bombeiros, que iriam acionar o helicóptero. Conversando com meu instrutor pelo rádio, ele pediu para dispensar o resgate por enquanto, pois ele tentaria chegar até o local onde eu estava e, caso não conseguisse, aí sim confirmaríamos a solicitação do resgate pelos bombeiros. Isso já era 15:30hs. Um pouco mais de meia hora depois, conversando com meu instrutor pelo rádio, consegui localizá-lo na mata a aproximadamente 2 km de onde eu estava e sinalizando sobre minha localização ele percebeu que não conseguiria chegar até mim. Ligamos novamente para os bombeiros e o helicóptero foi acionado. Pra piorar, acabaram a água e a comida...
Quando já eram 17:10hs recebemos a informação que o helicóptero foi acionado para resgatar uma vítima de um grave acidente na rodovia e que, até levar a vítima ao hospital e voltar, já seria começo de noite e eles não poderiam fazer o meu resgate. Recebi instruções para encontrar um local fora da mata fechada para passar a noite...
Como já estava a quase 2 horas descansando e o tornozelo já estava doendo menos, busquei as últimas forças para subir o morro novamente e tentar contornar o vale. Fui andando sempre à direita, buscando sempre andar em direção da estrada de terra mais próxima que meu GPS indicava. A cada parte do vale que encontrava, eu subia novamente e tentava contornar sempre à direita... Nisso o sol já estava indo embora e a visibilidade dentro da mata fechada já estava quase zero.
Depois de quase 1 hora de caminhada, encontrei o leito de um antigo rio e, após atravessá-lo, percebi uma antiga estrada, já dominada pelo mato, que certamente era utilizada por veículos para chegar até o rio...Comecei a andar por ela, na certeza que chegaria em alguma estrada de terra ainda utilizável. A luz da lua auxiliava na pouca visibilidade que tinha. Um grande problema que enfrentei foi passar por várias cercas de arame farpado... A dificuldade de jogar o equipamento por cima das cercas era tão grande que por várias vezes pensei em deixar o equipamento na mata... O que me ajudou muito foi a motivação que meu instrutor me passava pelo rádio...
Apesar de não aparecer no GPS, consegui encontrar uma estrada de terra que sairia, de acordo com o GPS, na estrada de terra roteável... Passei a informação para meu instrutor do ponto onde as estradas poderiam se cruzar e depois de andar mais 800 metros consegui enxergar os faróis da caminhonete...
Às 19:20hs fui resgatado muito desidratado e com muita dor nas pernas e tornozelo...
Agradeço ao meu instrutor pela paciência de me aguardar e pela motivação que me ajudou a prosseguir caminhando. Aos bombeiros de Formosa pela preocupação, inclusive em me ligar à noite pra saber se tinha conseguido ser resgatado. Ao Peixe, piloto de Brasília, por ter sido a ponte entre nós e os bombeiros do DF para tentar agilizar o helicóptero. À Deus, por ter me dado forças para sair dessa situação inusitada e que, se possível, não volte a acontecer...
Espero que esta situação me sirva para determinar os limites de planeio da minha vela e a responsabilidade de analisar as áreas de pouso e possíveis consequências de um pouso em local desconhecido. Vale ressaltar a importância de se utilizar os equipamentos essenciais, GPS e Rádio. Se não fosse por eles, talvez seria impossível sair daquele local em apenas um dia. Também a importância de mantê-los sempre com a carga máxima das baterias...Percebi também a necessidade de carregar uma lanterna e uma faca, equipamentos que poderiam ter me ajudado a sair daquela situação com mais rapidez...
Acho que é isso...Já tomei um anti-inflamatório e apliquei um gelol aerosol na panturrilha e no tornozelo, na esperança de estar sem muitas dores amanhã, já que estou confirmado no bonde de voo...rs
PS.: Gostaria de deixar registrado meu agradecimento aos amigos pilotos que estavam na rampa no fim da tarde para tentar um voo noturno sob a luz do luar, que enumeraram todos os animais que poderiam me atacar e os perigos de se passar a noite na mata. Isso foi fundamental para minha decisão de sair dali para conseguir dormir em casa...rsrs
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